As discussões sobre as mudanças climáticas e o futuro da saúde do planeta estão cada vez mais presentes nas pautas corporativas, em especial, nas que atuam diretamente no campo, por meio da agricultura e da pecuária, dada a sua representatividade nas emissões de gases de efeito estufa. Em todo o mundo, a agricultura regenerativa com técnicas agroecológicas de produção vem se revelando uma forte tendência na agricultura e na pecuária, com soluções inovadoras capazes de compensar ou neutralizar as emissões de carbono, restaurar a biodiversidade local e regenerar o solo, garantindo sistemas agroalimentares resilientes para alimentar as próximas gerações, enquanto empodera e beneficia pequenos produtores por meio dos ganhos econômicos e de produtividade.
Segundo a ONU, atualmente mais de 40% da população mundial já sofre de alguma forma as consequências da degradação do solo. A organização reforça que para evitar efeitos catastróficos das mudanças climáticas é necessário que seja realizada a restauração de áreas degradadas equivalentes ao tamanho do território da China.
Entre as novas práticas que devem mudar a produção de alimentos, estão a agricultura regenerativa e a agrofloresta, que já fazem parte do dia a dia de pequenos produtores, combinando conhecimentos de povos originários a técnicas inovadoras que garantem produtividade com sustentabilidade. A tecnologia também tem sido uma aliada no campo.
O Sistema B Brasil, rede de empresas que atuam pela aceleração da implantação de uma Nova Economia, reúne negócios que trabalham pela sustentabilidade na agricultura. Em diferentes escalas e ramos de atividade, Empresas B Certificadas como Rizoma, ManejeBem e Danone vêm implementando projetos bem-sucedidos que visam não apenas o êxito financeiro, mas, também, o bem-estar da humanidade e do planeta, garantindo a competitividade na produção de alimentos, regenerando a terra e melhorando a qualidade de vida dos agricultores.
“Para nós do Sistema B Brasil é um prazer reconhecer empresas que estão gerando impacto positivo no setor agrícola. Por meio destes exemplos conseguimos demonstrar que é possível realizar a produção de alimentos de forma sustentável, sem degradar o meio ambiente e valorizando o produtor rural” diz Cinthia Gherardi, Diretora de Relacionamento e Marketing, do Sistema B Brasil.
ManejeBem
A ManejeBem é um exemplo de negócio que já nasceu tendo no seu core business o impacto na vida e na produção de pequenos agricultores – que hoje já são mais de 5 milhões no Brasil, segundo o Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2019.
A agtech oferece consultoria e capacitação aos produtores rurais de forma remota. Entre seus serviços está a assistência técnica com especialistas pela plataforma ManejeChat, uma ferramenta gratuita e fácil de usar que oferece dicas para aprimorar o plantio e a colheita, além de auxiliar no planejamento da safra anual e mensurar os resultados. Ao mesmo tempo em que oferece informações, ela coleta dados que são usados para planejar novas ações de desenvolvimento local.
A plataforma tem custo zero para pequenos agricultores, visto que o propósito é ampliar as possibilidades de geração de renda e emprego no meio rural; para os clientes da ManejeBem, que são empresas que buscam por sustentabilidade em seus processos, a parceria cumpre papel estratégico na agenda ESG de apoiar fornecedores rurais parceiros.
As grandes indústrias, por sua vez, passam a ter fornecedores que dominam técnicas da agricultura sustentável e acesso a insumos com padrões mais altos de qualidade. A ManejeBem também proporciona a coleta e compartilhamento de dados das lavouras que podem ser usadas para gerar insights e direcionar ações para tornar as produções mais eficientes.
“Com o uso da tecnologia, análise de dados e um elaborado plano de ação, a ManejeBem faz com que seus clientes permaneçam numa crescente frente às ações ESG”, conta Juliane Blainski, CEO e fundadora da ManejeBem.
Danone
A Danone, Empresa B Certificada desde 2021, possui o Projeto Flora, uma operação de agricultura regenerativa que busca integrar pecuária e floresta na produção de leite, de forma a beneficiar o solo, os animais e, consequentemente, a qualidade dos produtos e a saúde das pessoas. O programa foi desenvolvido em 2019 em parceria com o engenheiro agrônomo Caio Rivetti, proprietário da Fazenda Gordura, localizada em Guaranésia (MG), e, em 2021, firmou parcerias com o IPÊ (Instituto de Pesquisas Ecológicas), designado para desenvolver a fazenda-escola, no projeto piloto; a MSD Saúde Animal, responsável por monitorar e manter a saúde do gado; a Fuzil, empresa de insumos agrícolas; e a AJAGRO, empresa especializada em consultoria em pecuária leiteira.
O sistema de integração pecuária-floresta (IPF) do Projeto Flora, também chamado de Manejo Agroecológico de Pastagem, propõe que, com o uso da flora adequada, do manejo racional da pastagem, se faça a regeneração do solo, a retenção do carbono e a proteção da biodiversidade nativa. A solução aplicada no Projeto Flora se deu por meio do plantio de árvores nativas e arbustos de interesse à alimentação do gado leiteiro. Ambos proverão serviços ecossistêmicos como aumento da infiltração de água e a qualidade do solo.
Outros benefícios apresentados são a recuperação de pastagens degradadas, a fixação de nitrogênio, o controle de erosão, a diminuição de custos de produção e o controle biológico de pragas. Os animais ganham um conforto térmico proporcionado pelas árvores, o que contribui para melhoria da condição de bem-estar animal — um dos objetivos principais deste projeto — e a produção do leite.
“Por meio da agricultura regenerativa e do manejo agroecológico de pastagens, ampliamos nosso compromisso socioambiental na produção do leite e no relacionamento com produtores e fornecedores. Ficamos orgulhosos de sermos um dos pioneiros nesse modelo de operação e esperamos levar capacitação e equipamentos de ponta a cada vez mais produtores. Nosso objetivo é fazer com que a Fazenda Gordura se torne uma escola modelo para as fazendas da região, aumentando o interesse dos produtores por uma atuação que garanta sistemas agroalimentares resilientes para alimentar as próximas gerações, enquanto empodera e beneficia pequenos produtores por meio dos ganhos econômicos e de produtividade. Nossa meta é expandir o sistema IPF para 188 hectares até 2023”, diz Henrique Borges, diretor de Compras de Leite da Danone Brasil.
Rizoma Agro
A Rizoma Agro é uma Empresa B que se consolidou como líder no desenvolvimento de sistemas agroflorestais e na produção de grãos regenerativos orgânicos no Brasil.
Atualmente, a empresa conta com mais de 2.000 hectares em três propriedades: Fazenda da Toca (Itirapina/SP), Fazenda Takaoka (Iaras/SP) e também em uma unidade parceira (Paracatu/MG). Em suas áreas produtivas, desenvolve safras de grãos e leguminosas com alta produtividade, além de cítricos em sistemas agroflorestais.
A Rizoma Agro foi criada com a missão de provar que a agricultura regenerativa orgânica é capaz de alimentar o mundo e regenerar a terra. Hoje, com resultados comprovados, a empresa demonstra a viabilidade econômica e a alta capacidade de regeneração de seu modelo de negócios.
Como demonstra seu Relatório de Impacto 2022 — Uma Imersão em Agricultura Regenerativa, todos os seus sistemas produtivos são carbono negativo, incrementam matéria orgânica no solo, promovem a biodiversidade e preservam os recursos naturais. Estima-se que a produção de fruticultura convencional emite 5,2 toneladas de CO2 por hectare por ano, enquanto os sistemas agroflorestais da Rizoma Agro sequestram 45,8 toneladas de carbono nessas condições.
Para alcançar esses resultados, a empresa investe em uma área robusta de Pesquisa & Desenvolvimento para estar na ponta do conhecimento científico, técnico e operacional dos temas relacionados à agricultura regenerativa orgânica em larga escala.
Sobre o Sistema B
O Sistema B é uma organização parceira do B Lab desde 2012, responsável pelo engajamento, divulgação e promoção local de todo movimento B no Brasil e América Latina. Ele articula um movimento global de pessoas que usam os negócios para a construção de uma economia mais inclusiva, equitativa e regenerativa para as pessoas e para o planeta. No centro deste movimento estão as Empresas B, 233 Empresas B no Brasil e 847 na América Latina, que compartilham um perfil de negócio que equilibra propósito e lucro, considerando o impacto de suas decisões em seus trabalhadores, clientes, fornecedores, comunidade e meio ambiente. No mundo, já são 4500 empresas certificadas.